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Por que há traição nas famílias? Vamos imaginar uma situação em que jovens cônjuges, por algum motivo, valorizem muito seu relacionamento e valorizem seu parceiro. Por exemplo, já não se encontravam quando eram jovens, talvez já não esperassem encontrar a única pessoa com quem poderiam constituir família. Ou, por exemplo, um homem finalmente se apaixonou por uma garota com baixa autoestima, e ela, claro, o “adora” por isso e o “idealiza”. Acontece que os cônjuges “cuidam” um do outro, tentando não ofendê-los ou magoá-los. Parece - o que há de errado nisso? Bem, os cônjuges valorizam um ao outro. Isso é muito importante na família. Sim, é verdade, mas às vezes acontece que o medo de destruir, “estragar” um relacionamento obriga-os a “adaptar-se” ao outro, a agradá-lo em tudo. Os cônjuges “idealizam” o parceiro e procuram, nesse sentido, comportar-se de maneira ideal, ou seja, “adequar-se” a tal parceiro, o que é muito difícil. Gradualmente, os cônjuges perdem seu verdadeiro eu, perdem sua individualidade e singularidade. O paradoxo de tais relacionamentos é que os cônjuges se valorizam tanto que não sabem por quê. O principal é que afirmam que o cônjuge é o ideal, a família é o ideal, mas para esclarecer o que há de especial, único no seu companheiro, têm dificuldade em responder. Por que precisamos de uma família? É o que acontece na vida: “colocamos máscaras”, restringimos as nossas manifestações, procuramos não mostrar as nossas deficiências, saindo para a sociedade para sermos bem-sucedidos e positivos aos olhos dos outros. Mas deve haver sempre um “oásis”, uma “saída”, um lugar onde possamos relaxar, finalmente sermos nós mesmos, um lugar onde tirarmos as máscaras. E este primeiro lugar na vida de uma pessoa é a família parental. E então criamos a nossa família com a pessoa com quem podemos nos permitir não ter medo de ser nós mesmos, com a pessoa a quem confiamos as nossas deficiências. Imagine o estado de uma pessoa que é obrigada a se controlar durante toda a vida, a ficar em tensão para que, Deus me livre, não diga algo errado, não faça algo ofensivo. É incrivelmente difícil. Mas não se apresentar é metade da batalha, mas os cônjuges nesse casamento se perdem, vivem na sombra um do outro, tentando agradar um ao outro. O resultado é decepção com tais relacionamentos, decepção com o parceiro. Afinal, se meu parceiro é apenas minha sombra, meu reflexo, então por que preciso dele? Eu sou o suficiente de mim mesmo. A família está num impasse, embora por fora tudo pareça lindo - uma família maravilhosa, mas por dentro há muito que existe um estado de “pântano”. E depois para o resgate, como saída do impasse (metaforicamente, é como “pus saindo de um abscesso” - é feio, cheira mal, mas é uma oportunidade de mudar alguma coisa, de “curar”) - flertar, traição. Afinal, a traição muitas vezes não termina com o rompimento do relacionamento. Ou seja, acontece que a traição faz parte do relacionamento entre os cônjuges, como uma mensagem criptografada. Afinal, o que acontece como resultado da traição? Em primeiro lugar, um dos cônjuges (mais frequentemente, claro, homens, que não suportam ser “ideais”) “viola” o idílio familiar. Toda a “imagem” do bem-estar da família desmorona. A traição “persegue” dois objetivos: o primeiro objetivo é “desencantar” o parceiro para que, num acesso de sentimentos negativos, ele finalmente mostre seu eu real e genuíno (é por isso que os cônjuges muitas vezes parecem deixar deliberadamente “vestígios” de traição para que o parceiro descubra o que está acontecendo e reaja de acordo - fique indignado, zangado, com ciúme, etc.); ou, o segundo objetivo é adquirir sentimento de culpa em decorrência de um ato impróprio, continuar a se comportar idealmente no casamento com renovado vigor, idealizando ainda mais o parceiro e menosprezando-se. Uma mulher de 44 anos, 25 anos de casada, diz: “Estava tudo bem, até que um dia terrível meu marido admitiu que tinha outra pessoa. O que aconteceu comigo está além das palavras. me humilhei na frente dele, implorando para ficar, deitada aos pés dele já se passaram 5 meses, e eu choro todos os dias, não existe nada mais fácil sendo carinhoso, gentil e atencioso..

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