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Em 1994, foi publicado o livro de Klaus Grawe K. et al., “Psicoterapia no processo de mudança: da denominação à profissão”, que analisava os resultados de estudos sobre o eficácia da psicoterapia, dada na literatura. Este artigo utiliza materiais da análise desta obra fundamental de Lauterbach (Lauterbach W., 1994). O resultado desses estudos foi a conclusão de que a psicoterapia ajuda as pessoas a superar problemas. Quando escreveu este trabalho, a ideia principal era tentar compreender como e o que funciona na psicoterapia, e como ajudar as pessoas de forma ainda melhor e mais eficaz. Eu me pergunto por que Grave escolheu esse título para seu trabalho. Talvez porque ele quisesse que a psicoterapia evoluísse de uma crença em algumas intervenções e técnicas individuais para uma profissão independente e científica. Sou psicoterapeuta profissional e, devido à natureza do meu trabalho, participo constantemente em diversas conferências e congressos, não só na Rússia, mas também no estrangeiro. Não faz muito tempo, em um dos congressos de psicoterapia em Moscou, me interessei por uma seção chamada psicoterapia religiosa. Pareceu-me interessante como a religiosidade de uma pessoa é utilizada para resolver seus problemas psicológicos. Parecia que deveria ser algo como uma abordagem existencial, observando como a visão de mundo e os valores de uma pessoa a ajudam a superar as dificuldades cotidianas. Porém, na seção em si fiquei decepcionado, pois por trás da psicoterapia religiosa estava escondida a psicoterapia ortodoxa e nenhuma outra. Por que uma determinada cosmovisão religiosa adquiriu subitamente um significado tão abrangente? Assim, a questão da diferenciação entre confissão e profissão volta a ganhar relevância. E recentemente tomei conhecimento da existência de um departamento de psicoterapia ortodoxa no Instituto Humanitário Ortodoxo. Afirma-se separadamente que o instituto foi criado com a permissão da Igreja Ortodoxa. Quem duvidaria disso? Quem mais poderia permitir tal prática. Afinal, a Igreja Ortodoxa é uma instituição religiosa, não uma organização de saúde. O seu objetivo não é prestar assistência psicológica, mas sim satisfazer as necessidades religiosas dos paroquianos. Mas um psicoterapeuta e um padre, na minha opinião, têm funções completamente diferentes e as suas qualificações também são diferentes. Imagine que você veio consultar um psicoterapeuta profissional e lá está escrito “psicoterapeuta adventista do 7º dia” ou “psicoterapeuta Testemunha de Jeová” ou “psicoterapeuta judeu”, “psicoterapeuta budista”, “psicoterapeuta islâmico” etc. etc. Percebi que cada vez mais é possível encontrar tópicos como psicoterapia cristã ou psicoterapia ortodoxa. Fiquei interessado em saber que tipo de fenômeno é esse e o que essa mensagem transmite. O objetivo de qualquer psicoterapia é ajudar as pessoas a resolver seus problemas de forma independente e a viver seus próprios objetivos e a mudar conscientemente a qualidade de sua vida para melhor. Pratico há mais de 16 anos e tenho visto pessoas de diversas religiões em minhas consultas. Essas pessoas precisaram de ajuda e vivenciaram diversas situações de crise, que, como todas as pessoas, nem sempre dependeram de sua visão de mundo. Considero completamente natural e normal que um psicoterapeuta, como qualquer outra pessoa, tenha sua própria visão de mundo consciente e identificação religiosa. Mas quando um especialista coloca a sua identificação religiosa na placa do seu consultório ou instituição, por exemplo, “Psicoterapeuta ortodoxo”, tenho sentimentos muito confusos sobre isto e surgem muitas questões. Por exemplo, o que isso significa e o que ele quer dizer com isso? E, em geral, isso é uma profissão ou uma confissão. A psicoterapia ortodoxa ajuda apenas os cristãos ortodoxos, mas não outros? Ou que aqui se oferece psicoterapia que só ajuda os cristãos ortodoxos? Ou que tal psicoterapia é essencialmente um curso de pregação ortodoxa? Mas espere, pregar para um paciente em uma posição vulnerável por seu próprio dinheiro soa de certa forma uma blasfêmia. Ou isso significa alguma coisa.

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